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Mapeamento sistemático da produção de conhecimento na formação graduada em terapia ocupacional nos contextos territoriais e comunitários no Brasil

Resumo

Este artigo objetiva reconhecer e dialogar com a produção de saberes, práticas e, em especial, com o ensino de graduação em terapia ocupacional em contextos territoriais e comunitários, por meio do mapeamento sistemático de artigos, dissertações e teses publicados entre 2012 e 2022. A busca bibliográfica foi realizada em novembro de 2022, por meio da biblioteca virtual SciELO, da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), do Instituto Brasileiro de Informação em Ciências e Tecnologia (IBICT) e das bases de dados: Web of Science, Scopus e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Foram elegíveis 40 produções, sendo 29 artigos e 11 dissertações/teses. Os resultados foram analisados com base na análise temática, cujos tópicos foram: O que é o ensino territorial e comunitário? Onde ocorre? Quais estratégias pedagógicas? Quem ensina? Quais desafios enfrenta? Quais os conceitos norteadores? Os resultados apontam para um ensino interdisciplinar, interprofissional, colaborativo com importantes atributos como processo ensino-aprendizagem-assistência no território e em serviços territoriais, incluindo atores como estudantes, profissionais, equipes e comunidade, além do docente que propõe, articula e faz a mediação desse ensino. Concluímos que o mapeamento apresenta um panorama geral desse ensino, evidenciando encontros entre teorias e práticas, de diferentes subáreas da terapia ocupacional, que além do ensino propõem ações para transformar as condições educacionais, sociais, culturais e de saúde. No entanto, percebemos haver lacunas na literatura da área que expliquem como os conceitos estão ligados a essa formação, produzindo reflexões específicas da profissão em diferentes subáreas.

Palavras-chave:
Terapia Ocupacional; Ensino; Território Sociocultural; Revisão; Participação da Comunidade

Abstract

This article aims to recognize and dialogue with the production of knowledge, practices and, in particular, with undergraduate teaching in occupational therapy in territorial and community contexts, through the systematic mapping of articles, dissertations and theses published between 2012 and 2022. Bibliographic search was carried out in November 2022, through the SciELO virtual library, the Brazilian Digital Library of Theses and Dissertations (BDTD), the Brazilian Institute of Information in Science and Technology (IBICT) and the databases: Web of Science, Scopus and Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS). 40 productions were eligible, of those, 29 articles and 11 dissertations/theses. The results were analyzed based on thematic analysis, whose topics were: What is territorial and community teaching? Where does it occur? What pedagogical strategies? Who teaches? What challenges do you face? What are the guiding concepts? The results point to interdisciplinary, interprofessional, collaborative teaching with important attributes such as the teaching-learning-assistance process in the territory and in territorial services, including actors such as students, professionals, teams and the community, in addition to the teacher who proposes, articulates and mediates of this teaching. We conclude that the mapping presents a general overview of this teaching, highlighting encounters between theories and practices, from different sub-areas of occupational therapy, which, in addition to teaching, propose actions to transform educational, social, cultural and health conditions. However, we noticed that there are gaps in the literature in the area that explain how the concepts are linked to this training, producing specific reflections on the profession in different sub-areas.

Keywords:
Occupational Therapy; Teaching; Sociocultural Territory; Review; Community Participation

Introdução

A reorganização das políticas públicas e da assistência no Brasil permitiu a reconfiguração de saberes e práticas na terapia ocupacional, uma vez que oportunizaram um aumento da contratação de terapeutas ocupacionais e, consequentemente, foram desenvolvidas novas práticas, ações de ensino e produção de conhecimento, vinculadas aos contextos territoriais e comunitários (Galheigo et al., 2018Galheigo, S. M., Braga, C. P., Arthur, M. A., & Matsuo, C. M. (2018). Produção de conhecimento, perspectivas e referências teórico-práticas na terapia ocupacional brasileira: marcos e tendências em uma linha do tempo. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 26(4), 723-738.; Bianchi, 2019Bianchi, P. C. (2019). Terapia ocupacional, território e comunidade: desvelando teorias e práticas a partir de um diálogo latino-americano (Tese de doutorado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.).

Esses deslocamentos favoreceram que o hospital deixasse de ser o principal contexto de aprendizagem e as ações da profissão demandaram uma formação adequada às práticas profissionais em diferentes contextos.

Desse modo, desde o fim dos anos 1980, surgem novos desafios e propostas teóricas/práticas/metodológicas no ensino da terapia ocupacional com a incorporação de palavras/termos/conceitos, como território e comunidade (Bianchi & Malfitano, 2020Bianchi, P. C., & Malfitano, A. P. S. (2020). Território e comunidade na terapia ocupacional brasileira: uma revisão conceitual. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(2), 621-639.).

Embora com conceitos polissêmicos e influências de marcos teóricos de outras áreas, Bianchi & Malfitano (2022)Bianchi, P. C., & Malfitano, A. P. S. (2022). Atuação profissional de terapeutas ocupacionais em países latino-americanos: o que caracteriza uma ação territorial-comunitária? Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 30, e3053. sinalizam que, nas ações dos terapeutas ocupacionais, o território assume a materialidade dos lugares, expressa em ruas e praças, na circulação de pessoas em determinados espaços e ainda nas histórias vividas e construídas nesses locais, configurando dois eixos interligados para caracterização desse conceito. Já comunidade corresponderia às pessoas que vivem nesses territórios e/ou que nele participam de grupos/coletivos indicando participação social, coletividade e produção de redes.

Sendo assim, ao ensinar em contextos territoriais e comunitários, especialmente no ensino superior, é necessário repensar as aprendizagens de acordo com as alterações curriculares, pedagógicas e relacionadas aos contextos em que ocorrem (Pacheco et al. (2020)Pacheco, J. A., Sousa, J., & Maia, I. B. (2020). Conhecimento e aprendizagem na educação superior: desafios curriculares e pedagógicos no século XXI. Revista Diálogo Educacional, 20(65), 528-557.. Nesse sentido, apresentamos um estudo sobre o ensino na terapia ocupacional, com base no mapeamento sistemático da literatura nacional, focalizando as pesquisas que apresentam o território e a comunidade como elementos integrantes da formação.

Procedimentos Metodológicos

O mapeamento sistemático é uma forma de revisão dos estudos primários da literatura cujo objetivo é apresentar e reunir pesquisas como um mapa, fornecendo uma visão geral do tema de pesquisa e indicando o terreno a ser explorado pelos futuros pesquisadores (Pontes Júnior & Nakayama, 2022Pontes Júnior, A. C. F., & Nakayama, B. C. M. S. (2022). O mapeamento sistemático e a pesquisa qualitativa: (inter)conexões com os paradigmas da educação. Revemop, 4, e202219.).

Segundo Silva et al. (2018)Silva, I. D., Nunes, M. A. S. N., Felizardo, K. T., Nagakawa, E. Y., Ferrari, F. B., Fabbri, S. C. P. F., & Santos Júnior, J. H. (2018). Mapeamento sistemático: parte 1. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe. Recuperado em 19 de maio de 2023, de https://ri.ufs.br/handle/riufs/8445
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, os objetivos desse mapeamento são: examinar a extensão dos estudos sobre um tema de pesquisa e identificar possíveis lacunas existentes. Já a revisão sistemática tem como objetivo identificar, selecionar e avaliar as pesquisas, apresentando conclusões e evidências sobre uma área de estudo.

Dessa forma, o mapeamento e a revisão sistemática são complementares e o primeiro pode identificar grupos temáticos de interesse, que serão apresentados posteriormente na revisão. Silva et al. (2018)Silva, I. D., Nunes, M. A. S. N., Felizardo, K. T., Nagakawa, E. Y., Ferrari, F. B., Fabbri, S. C. P. F., & Santos Júnior, J. H. (2018). Mapeamento sistemático: parte 1. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe. Recuperado em 19 de maio de 2023, de https://ri.ufs.br/handle/riufs/8445
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propõem um mapeamento que atenda às seguintes fases: (A) Informações gerais, (B) Questão de pesquisa, (C) Identificação e seleção dos estudos e (E) Síntese dos dados e apresentação dos resultados.

Inicialmente, organizamos as informações gerais, as questões de pesquisa e, posteriormente, o processo de identificação dos estudos. As publicações foram recuperadas em novembro de 2022, por meio da biblioteca virtual Scientific Eletronic Library (SciELO), da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), do Instituto Brasileiro de Informação em Ciências e Tecnologia (IBICT) e das bases de dados: Web of Science (WoS), SciVerse Scopus e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS).

Na estratégia de busca foram utilizados os termos “terapia ocupacional” e “ensino” em português e inglês, limitando-se aos acervos específicos de periódicos nacionais e latino-americanos inseridos nas bases pesquisadas.

Definimos como critérios de inclusão pesquisas desenvolvidas em dissertações, teses e artigos publicados entre 2012 e 2022, que apresentam o ensino voltado aos contextos territoriais e comunitários nos cursos de terapia ocupacional brasileiros, no idioma português e com textos completos disponíveis. Em seguida, buscamos as palavras território, comunidade ou ambas no título, no resumo e nas palavras-chaves.

Excluímos as publicações duplicadas, as apresentadas em outros idiomas, as não disponibilizadas na íntegra, bem como aquelas que tratavam sobre ensino técnico, fundamental, médio e pós-graduado, ou estudos de autores brasileiros desenvolvidos em outros países.

Resultados

Encontramos 1.363 produções bibliográficas, sendo que 413 constavam na WoS, 390 na Scopus, 285 na LILACS, 85 na SciELO e 190 na BDTD (primeira fase). Excluímos 841 produções, principalmente aquelas duplicadas, em outros idiomas e em português que não retratam experiências de cursos brasileiros, em sua maioria nas bases WoS e Scopus. O que é esperado, na medida em que essas bases contém um número maior de publicações em outros idiomas.

Na segunda fase, foi realizada a leitura de título, resumo e palavras-chaves das 522 produções. Destas, excluímos 472 publicações, sobre ensino pós-graduado, fundamental, médio e técnico e, ainda, aquelas que não apresentavam as palavras território e/ou comunidade.

Na terceira fase, foram incluídas para leitura na íntegra 50 produções (32 artigos e 18 teses/dissertações). Foram excluídas dez produções que não tratavam sobre Ensino Superior e aquelas cuja pesquisa se desenvolveu em outros contextos. Assim, 40 publicações foram consideradas elegíveis para o mapeamento, conforme apresentado na Figura 1.

Figura 1
Fluxo de identificação e estudos selecionados no mapeamento. Fonte: As autoras (2023).

As 40 produções elegíveis foram organizadas em uma matriz de síntese em planilha de dados (Excel). Na Tabela 1, estão identificados os artigos e, na Tabela 2, as teses e dissertações.

Tabela 1
Artigos conforme título, autoria, anos de publicação, periódico, tipo.
Tabela 2
Teses e dissertações conforme autoria, título, IES.

A maioria dos artigos foi composta por: artigos originais (n=14), relatos de experiência (n=08), artigos de revisão (n=2) e outros (n=05), como aqueles publicados em espaço aberto e anais, tendo sido publicados, majoritariamente, nos Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, conforme apresentado na Tabela 1.

Também foram consideradas elegíveis sete dissertações e quatro teses, sendo quatro delas apresentadas entre 2014 e 2020, conforme Tabela 2. Elegemos a análise temática reflexiva para tratamento e análise das publicações, com base nas considerações apresentadas por Souza (2019)Souza, L. K. (2019). Pesquisa com análise qualitativa de dados: conhecendo a análise temática. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 71(2), 51-67.. Após a matriz de síntese dos dados, elaboramos uma listagem dos temas e definimos os seguintes: (1) O que é o ensino territorial e comunitário? (2) Onde ocorre o ensino territorial e comunitário? (3) Quais estratégias pedagógicas e quem ensina? (4) Desafios para a formação nos contextos territoriais e comunitários, (5) Conceitos norteadores do ensino nos contextos territoriais e comunitários e (6) Síntese do mapeamento.

Discussão

O que é o ensino territorial e comunitário?

Nesse ensino, os estudantes convivem e aprendem com situações de vida e pessoas em seus contextos, articulando-se com outros saberes (Oliver et al., 2012Oliver, F. C., Pimentel, A., Uchôa-Figueiredo, L. da R., & Nicolau, S. M. (2012). Formação do terapeuta ocupacional para o trabalho na Atenção Primária à Saúde (APS): contribuições para o debate. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 20(3), 327-340.). É um espaço de fronteira, de trocas, vínculos, convivência, encontros, parcerias e construção de redes.

Nessa direção, são desenvolvidas ações de ensino, pesquisa e extensão universitária com participação em programas federais; desse modo, a parceria com serviços de saúde, assistência social, educação, cultura, equipes e profissionais tornam a educação permanente um importante apoio para esse ensino (Oliver et al., 2012Oliver, F. C., Pimentel, A., Uchôa-Figueiredo, L. da R., & Nicolau, S. M. (2012). Formação do terapeuta ocupacional para o trabalho na Atenção Primária à Saúde (APS): contribuições para o debate. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 20(3), 327-340.; Alonso et al., 2021Alonso, C. M. C., Cazeiro, A. P. M., Costa, M. C., & Mecca, R. C. (2021). Formação para o SUS: a trajetória de adesão de um curso de terapia ocupacional às políticas indutoras de mudança curricular Pró e PET-Saúde. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 29, e2771.).

Nas publicações, destaca-se o ensino orientado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) da área, principalmente para uma formação profissional voltada às mudanças necessárias ao Sistema Único de Saúde e à aproximação ao mundo real do trabalho, equipes, serviços e comunidades. Nesse sentido, são descritos como objetivos dessa formação: articulação com as políticas públicas, profissionalização de terapeutas ocupacionais para práticas territoriais, formação para o Sistema Único de Saúde em todos os níveis de atenção e no âmbito individual, grupal e coletivo (Krug, 2014Krug, J. C. (2014). Formação e perfil do terapeuta ocupacional no Rio Grande do Sul em sintonia com o Sistema Único de Saúde (Dissertação de mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.; Palm, 2014Palm, R. D. C. M. (2014). Formação em Saúde Mental nos cursos de graduação de terapia ocupacional da região sul do Brasil (Tese de doutorado). Universidade Federal do Paraná, Curitiba.; Palm et al., 2015Palm, R. D. C. M., Nimtz, M.A., Mantovani, M. F., & Maftum, M. A. (2015). Formação em Saúde Mental nos cursos de graduação de terapia ocupacional da região sul do Brasil. Cogitare Enfermagem, 20(2), 289-298.; Furlan et al., 2014Furlan, P. G., Campos, I. O., Meneses, K. V. P., Ribeiro, H. M., & Rodrigues, L. M. M. (2014). A formação profissional de terapeutas ocupacionais e o curso de graduação da Universidade de Brasília, Faculdade de Ceilândia. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 22(1), 109-119. http://dx.doi.org/10.4322/cto.2014.012.
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; Silva & Oliver, 2017Silva, R. A. S., & Oliver, F. C. (2017). Trajetória docente e a formação de terapeutas ocupacionais para atenção primária à saúde. Interface: Comunicação, Saúde, Educação, 21(62), 661-673.; Pastore, 2018Pastore, M. D. N. (2018). Processos de formação e cenários de ensino-aprendizagem: discussão sobre práticas em saúde e educação em serviço no curso de graduação em terapia ocupacional da FMUSP. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 26(2), 431-441.; Alonso et al., 2021Alonso, C. M. C., Cazeiro, A. P. M., Costa, M. C., & Mecca, R. C. (2021). Formação para o SUS: a trajetória de adesão de um curso de terapia ocupacional às políticas indutoras de mudança curricular Pró e PET-Saúde. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 29, e2771.; Chriguer, 2022Chriguer, R. S. (2022). A experiência da Unifesp Baixada Santista na Educação Interprofissional. Medicina, 55(2), 1-4.).

O ensino interdisciplinar e interprofissional está destacado como pressuposto importante na consolidação dessa formação. Nessa perspectiva, o desafio está em reunir atores (docentes, estudantes, profissionais) de diferentes áreas em um mesmo espaço, proporcionando parcerias para sedimentar aprendizagens interativas e cooperativas (Castro et al., 2016Castro, E. D., Inforsato, E. A., Buelau, R. M., Valent, I. U., & Lima, E. A. (2016). Território e diversidade: trajetórias da terapia ocupacional em experiências de arte e cultura. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 24(1), 3-12.; Capozzolo et al., 2018Capozzolo, A. A., Casetto, S. J., Nicolau, S. M., Junqueira, V., Gonçalves, D. C., & Maximino, V. S. (2018). Formação interprofissional e produção do cuidado: análise de uma experiência. Interface: Comunicação, Saúde, Educação, 22(Supl. 2), 1675-1684.; Silva & Borba, 2018Silva, C. G., & Borba, P. L. O. (2018). Encontros com a diferença na formação de profissionais de saúde: juventudes, sexualidades e gêneros na escola. Saúde e Sociedade, 27(4), 1134-1146.; Panciera et al., 2021Panciera, S. D. P., Valverde, B. B. R., & Jurdi, A. P. S. (2021). Desenvolvimento humano e formação interdisciplinar: possibilidades de encontro entre os cursos de Psicologia e Terapia Ocupacional. Interface: Comunicação, Saúde, Educação, 25, e200208.; Carvalho et al., 2020bCarvalho, C. R. A., Rebellato, C., Dias Bernardo, L., de Souza Mello Ferreira, M., & Costa Poltronieri, B. (2020b). Grupo de Pesquisa “Envelhecimento Humano, Saúde, Cultura e Sociedade”: ações da terapia ocupacional em pesquisa e extensão universitária. Revista Chilena de Terapia Ocupacional, 20(1), 61-71.; Chriguer, 2022Chriguer, R. S. (2022). A experiência da Unifesp Baixada Santista na Educação Interprofissional. Medicina, 55(2), 1-4.).

Duas pesquisas recentes buscaram conhecer a disponibilidade para a educação interprofissional de estudantes de cursos da área da saúde, entre eles, os de terapia ocupacional (Alves, 2020Alves, A. C. (2020). A graduação em curso da área da saúde e a formação interprofissional na FMRP: o ponto de vista de estudantes e professores (Dissertação de mestrado). Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.; Barbosa, 2020Barbosa, G. R. (2020). Disponibilidade de estudantes de oito cursos da saúde de uma universidade pública brasileira para a educação interprofissional (Tese de doutorado). Universidade Estadual de Campinas, Campinas.). Em uma delas, no contexto do ensino apoiado em metodologias ativas, foi verificado que estudantes de terapia ocupacional apresentaram maior propensão e disponibilidade para o trabalho em equipe e para práticas colaborativas que os demais. Demonstraram também maior disponibilidade para a atenção centrada nas demandas do usuário/pessoa (Barbosa, 2020Barbosa, G. R. (2020). Disponibilidade de estudantes de oito cursos da saúde de uma universidade pública brasileira para a educação interprofissional (Tese de doutorado). Universidade Estadual de Campinas, Campinas.).

Segundo o pesquisador, ações no campo da saúde mental e da assistência social incluídas na formação do terapeuta ocupacional podem ter proporcionado características formativas que conectam os estudantes às demandas das populações nos territórios, para além das demandas da saúde, proporcionando vivências e aprendizagens mais direcionadas às questões sociais.

Tal reconhecimento aponta para uma maior incorporação da terapia ocupacional social na formação brasileira. A pesquisa de Pan (2014)Pan, L. C. (2014). Políticas de ensino superior, graduação em terapia ocupacional e o ensino de terapia ocupacional social no Brasil (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. investigou a inserção do ensino da terapia ocupacional social em instituições de Ensino Superior e constatou que as atividades de formação para o campo social ainda eram incipientes, além da escassez de profissionais, especialmente docentes, para desenvolver e compor diálogos nesse campo com particularidades não atendidas pela formação em saúde.

Neste estudo, notamos que há dois modos de vinculação ao ensino em contextos territoriais/comunitários. O primeiro demonstra a experimentação da prática profissional em diferentes equipamentos sociais e de saúde, denotando uma formação em serviço, propondo observação e experimentação de situações reais de trabalho e prática profissional, principalmente no âmbito das políticas sociais (Sistema Único de Saúde, Sistema Único de Assistência Social).

O segundo modo oportuniza o encontro, o contato e a intervenção dos estudantes com diversos modos de vida e situações cotidianas nos territórios. O ensino volta-se às reflexões contextuais sobre a realidade, as demandas sociais, implicando um cuidado complexo que necessita do suporte interprofissional e criação de redes para seu estabelecimento.

Assim, o ensino nos contextos territoriais e comunitários depende de uma confluência de saberes, práticas e produção de conhecimento, que reflete a pluralidade das trajetórias da terapia ocupacional brasileira, na saúde, na educação, nas artes, na cultura e no social, mas também com semelhanças entre si.

Onde ocorre o ensino territorial e comunitário?

O ensino acontece no território, enquanto espaço social, que reproduz a totalidade social, sendo modificado pelos sujeitos e suas relações sociais (Silva et al., 2019Silva, M. J., Oliveira, M. L., & Malfitano, A. P. S. (2019). O uso do espaço público da praça: considerações sobre a atuação do terapeuta ocupacional social. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 27(2), 438-447.), o que convoca à apreensão e contextualização da realidade de espaços, pessoas, grupos e comunidades que neles vivem com suas diversas demandas de saúde, sociais e culturais. E que, ainda, propõe uma articulação entre o micro e o macrossocial (Minatel & Andrade, 2020Minatel, M. M., & Andrade, L. C. (2020). Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos e a terapia ocupacional: um relato de experiência na construção da cidadania e participação social. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(1), 309-329.).

Assim, estão descritas ações de ensino em locais de cuidado em saúde, vinculadas à atenção primária (Oliver et al., 2012Oliver, F. C., Pimentel, A., Uchôa-Figueiredo, L. da R., & Nicolau, S. M. (2012). Formação do terapeuta ocupacional para o trabalho na Atenção Primária à Saúde (APS): contribuições para o debate. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 20(3), 327-340.; Anversa & Borges, 2016Anversa, A. C., & Borges, J. M. (2016). Prática de estágio em terapia ocupacional na comunidade. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 24(4), 821-826.; Cunha & Sime, 2019Cunha, A. C., & Sime, M. M. (2019). O ensino do exercício profissional da terapia ocupacional com foco em pessoas idosas: proposta de organização das práticas na Graduação. Revista Kairós, 22(3), 241-254.; Silva, 2016Silva, R. A. S. (2016). A formação graduada de terapeutas ocupacionais para o cuidado na atenção primária à saúde no Estado de São Paulo (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.; Generino, 2019Generino, A. K. S. (2019). As contribuições da prática discente de terapia ocupacional nos núcleos ampliados de Saúde da Família e Atenção Básica (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de Alagoas, Maceió.; Silva et al., 2021Silva, R. A. S., Nicolau, S. M., & Oliver, F. C. (2021). O papel da terapia ocupacional na atenção primária à saúde: perspectivas de docentes e estudantes da área. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 29, e2927.), especialmente em Unidades Básicas de Saúde, Unidades de Saúde da Família, Centros de Convivência e Cooperativas, Centros de Referência em Saúde do Trabalhador e Centros de Atenção Psicossocial.

No que tange à terapia ocupacional social, estão referidas ações em espaços públicos, como escolas públicas (Silva & Borba, 2018Silva, C. G., & Borba, P. L. O. (2018). Encontros com a diferença na formação de profissionais de saúde: juventudes, sexualidades e gêneros na escola. Saúde e Sociedade, 27(4), 1134-1146.), Centros da Juventude, Centros de Referência da Assistência Social, especialmente os Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, dentre outros. Inclui-se, também, em praças públicas, espaços de circulação social e partilha de interesses coletivos e democráticos (Silva et al., 2019Silva, M. J., Oliveira, M. L., & Malfitano, A. P. S. (2019). O uso do espaço público da praça: considerações sobre a atuação do terapeuta ocupacional social. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 27(2), 438-447.; Silva, 2019Silva, M. J. (2019). Terapia ocupacional social, juventudes e espaço público (Tese de doutorado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.; Silva & Malfitano, 2021Silva, M. J., & Malfitano, A. P. S. (2021). Oficinas de atividades, dinâmicas e projetos em terapia ocupacional social como estratégia para a promoção de espaços públicos. Interface: Comunicação, Saúde, Educação, 25, e200055.).

No que diz respeito aos princípios teóricos, é importante ressaltar como aportes importantes para a formação no âmbito da saúde uma vinculação teórica e prática aos princípios da reabilitação baseada na comunidade, da reabilitação psicossocial, da saúde coletiva e da reconstrução ocupacional (Oliver et al., 2012Oliver, F. C., Pimentel, A., Uchôa-Figueiredo, L. da R., & Nicolau, S. M. (2012). Formação do terapeuta ocupacional para o trabalho na Atenção Primária à Saúde (APS): contribuições para o debate. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 20(3), 327-340.; Silva, 2016Silva, R. A. S. (2016). A formação graduada de terapeutas ocupacionais para o cuidado na atenção primária à saúde no Estado de São Paulo (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.; Santos et al., 2020Santos, V., Frank, G., & Mizue, A. (2020). Candangos: teoria da reconstrução ocupacional como uma ferramenta para a compreensão de problemas sociais e ações transformativas na utópica cidade de Brasília. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(3), 765-783.). Na esfera social, são apresentados a terapia ocupacional social e o desenvolvimento local participativo (Correia, 2018Correia, R. L. (2018). O alcance da terapia ocupacional no desenvolvimento local. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 26(2), 443-462.; Silva et al., 2019Silva, M. J., Oliveira, M. L., & Malfitano, A. P. S. (2019). O uso do espaço público da praça: considerações sobre a atuação do terapeuta ocupacional social. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 27(2), 438-447.; Pan, 2014Pan, L. C. (2014). Políticas de ensino superior, graduação em terapia ocupacional e o ensino de terapia ocupacional social no Brasil (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.; Silva, 2019Silva, M. J. (2019). Terapia ocupacional social, juventudes e espaço público (Tese de doutorado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos., Silva & Malfitano, 2021Silva, M. J., & Malfitano, A. P. S. (2021). Oficinas de atividades, dinâmicas e projetos em terapia ocupacional social como estratégia para a promoção de espaços públicos. Interface: Comunicação, Saúde, Educação, 25, e200055.; Minatel & Andrade, 2020Minatel, M. M., & Andrade, L. C. (2020). Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos e a terapia ocupacional: um relato de experiência na construção da cidadania e participação social. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(1), 309-329.).

As publicações de Porto (2017)Porto, V. F. A. (2017). A extensão universitária e a formação profissional em cursos de graduação em saúde (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de Alagoas, Maceió., Silva & Borba (2018)Silva, C. G., & Borba, P. L. O. (2018). Encontros com a diferença na formação de profissionais de saúde: juventudes, sexualidades e gêneros na escola. Saúde e Sociedade, 27(4), 1134-1146. e Figueiredo et al. (2022)Figueiredo, M. O., Batistão, R., Silva, C. R., Martinez, C. M. S., & Roiz, R. G. (2022). A atividade de extensão na terapia ocupacional: revisão de escopo na literatura nacional. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 30, e2908. apontam a importância das ações de extensão que possibilitam assistência e cuidado, cumprindo com o compromisso social das instituições de ensino. Nesse sentido, a extensão emerge como facilitadora do processo ensino-aprendizagem teórico e prático.

As produções apresentadas na Tabela 3 relacionam experiências extensionistas, vinculadas ao ensino, à saúde, à cultura e ao social voltadas para pessoas, grupos e comunidades nos territórios. As ações de extensão são promotoras de conhecimento e, nelas, o processo de ensino-aprendizagem possibilita um saber construído dialógica e contextualizadamente entre docentes e estudantes com a aplicabilidade de teorias (Figueiredo et al., 2022Figueiredo, M. O., Batistão, R., Silva, C. R., Martinez, C. M. S., & Roiz, R. G. (2022). A atividade de extensão na terapia ocupacional: revisão de escopo na literatura nacional. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 30, e2908.).

Tabela 3
Projetos de extensão mencionados na literatura da área.

Identificamos que as atividades extensionistas de docentes de universidades públicas tiveram um papel pioneiro para o ensino das ações territoriais e comunitárias. No entanto, inicialmente, essas experiências foram restritas à parcela de estudantes que delas participavam. Atualmente, a extensão tem sido incorporada ao ensino, favorecendo maiores possibilidades de envolvimento de todos os estudantes, assim como maior inclusão das discussões territoriais e comunitárias nos componentes curriculares.

Ressaltamos que no processo histórico de constituição do ensino territorial e comunitário, os componentes práticos dos currículos (unidades curriculares práticas e estágios supervisionados) foram fundamentais para seu crescimento e identificamos uma recente ampliação das produções, apresentando os componentes teóricos, considerando componentes teóricos e práticos em diferentes âmbitos de atenção e fundamentação, conforme Tabela 4. Notamos que a aproximação aos territórios e comunidades delimita esse espaço de convergência entre saberes e ações, propondo o ensino/ação como elementos para transformação das realidades sociais.

Tabela 4
Componentes curriculares mencionados na literatura da área.

Desse modo, defendemos que o contexto de aprendizagem não é apenas um local/ambiente/cenário, no qual o ensino e as práticas profissionais ocorrem fora das universidades, mas requer um conjunto de fatos relacionados ao ensino teórico, às circunstâncias, às pessoas e às situações de aprendizagem envolvidas e não somente cenários de aprendizagem que apenas recebem estudantes e práticas profissionais.

Quais as estratégias pedagógicas e quem ensina?

Dentre as estratégias de ensino apresentadas, destacamos, no âmbito da saúde: mapeamento e reconhecimento do território, identificação das pessoas com deficiência e das alternativas e serviços, observação de diferentes setores e postos de trabalho, a articulação e o vínculo com equipes e profissionais, a identificação das necessidades de saúde de maneira ampliada, a participação na construção de planos de cuidado individual, grupal e coletivo no âmbito da promoção, prevenção e tratamento da saúde, assim como o contato com diferentes grupos populacionais, suas demandas e com movimentos sociais, o que possibilita vivências e interações com diversas situações do cotidiano (Oliver et al., 2012Oliver, F. C., Pimentel, A., Uchôa-Figueiredo, L. da R., & Nicolau, S. M. (2012). Formação do terapeuta ocupacional para o trabalho na Atenção Primária à Saúde (APS): contribuições para o debate. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 20(3), 327-340.).

Estão descritas, ainda, oficinas lúdicas em escolas, praias e centros da juventude (Panciera et al., 2021Panciera, S. D. P., Valverde, B. B. R., & Jurdi, A. P. S. (2021). Desenvolvimento humano e formação interdisciplinar: possibilidades de encontro entre os cursos de Psicologia e Terapia Ocupacional. Interface: Comunicação, Saúde, Educação, 25, e200208.) e oficinas da diferença (Silva & Borba, 2018Silva, C. G., & Borba, P. L. O. (2018). Encontros com a diferença na formação de profissionais de saúde: juventudes, sexualidades e gêneros na escola. Saúde e Sociedade, 27(4), 1134-1146.). Essa última concebida como encontros voltados a disparar reflexões que expressem a multiplicidade de experiências juvenis. Nelas, são utilizados recursos audiovisuais, música, dinâmicas expressivas, apresentação de sínteses de dados de pesquisa como elementos disparadores e condutores do objetivo de cada encontro.

As publicações de Palm (2014)Palm, R. D. C. M. (2014). Formação em Saúde Mental nos cursos de graduação de terapia ocupacional da região sul do Brasil (Tese de doutorado). Universidade Federal do Paraná, Curitiba., Baldani (2016)Baldani, A. C. (2016). Contribuição de experiências de estágio em CAPS III para a formação interdisciplinar em Saúde Mental na perspectiva da Reforma Psiquiátrica (Dissertação de mestrado). Universidade de São Paulo, São Paulo. e Alonso et al. (2021)Alonso, C. M. C., Cazeiro, A. P. M., Costa, M. C., & Mecca, R. C. (2021). Formação para o SUS: a trajetória de adesão de um curso de terapia ocupacional às políticas indutoras de mudança curricular Pró e PET-Saúde. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 29, e2771. indicam que as estratégias encontradas no âmbito do ensino da saúde mental revelam o predomínio de métodos de ensino-aprendizagem apoiados na problematização e contextualização da realidade, sendo importante uma formação em contexto, diálogo e interação com os diversos pontos da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).

No ensino da terapia ocupacional social, são descritas estratégias de ensino-assistência voltadas à articulação de recursos no território, acompanhamentos singulares e territoriais, dinamização da rede de atenção e oficinas de atividades, dinâmicas e projetos. São apresentadas, ainda, estratégias como reconhecimento dos espaços públicos dos bairros e da cidade, buscando acolher as questões e ampliar os repertórios sociais, micro e macrossociais (Silva et al., 2019Silva, M. J., Oliveira, M. L., & Malfitano, A. P. S. (2019). O uso do espaço público da praça: considerações sobre a atuação do terapeuta ocupacional social. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 27(2), 438-447.; Silva & Malfitano, 2021Silva, M. J., & Malfitano, A. P. S. (2021). Oficinas de atividades, dinâmicas e projetos em terapia ocupacional social como estratégia para a promoção de espaços públicos. Interface: Comunicação, Saúde, Educação, 25, e200055.).

No campo de interface entre saúde, cultura e artes são apresentadas as estratégias de ensino e intervenção vinculadas às oficinas culturais (desenhos, grafite, capoeira, contação de histórias) e os acompanhamentos terapêuticos singulares, que buscam produção de cidadania, acessibilidade a bens culturais e produção de cultura na cidade (Angeli, 2014Angeli, A. A. C. (2014). TOCCA: uma terapêutica ocupacional (Tese de doutorado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre., 2021Angeli, A. A. C. (2021). Vagar e ocupar: dez anos de narrativas no TOCCA: saberes e práticas transdisciplinares entre as artes e a saúde. Interface: Comunicação, Saúde, Educação, 25, e210218.; Castro et al., 2016Castro, E. D., Inforsato, E. A., Buelau, R. M., Valent, I. U., & Lima, E. A. (2016). Território e diversidade: trajetórias da terapia ocupacional em experiências de arte e cultura. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 24(1), 3-12.).

Nesse processo de ensino–aprendizagem-assistência, o estudante aprende a partir do conhecimento e reconhecimento do outro no processo de aprendizagem, mas não é somente ele que aprende e se transforma. O docente, os profissionais e, ainda, os sujeitos/grupos/comunidade participantes das ações também aprendem e se transformam ao participarem desse processo.

Encontramos na publicação de Minatel & Andrade (2020)Minatel, M. M., & Andrade, L. C. (2020). Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos e a terapia ocupacional: um relato de experiência na construção da cidadania e participação social. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(1), 309-329., referencia sobre a reflexão do ensino da prática professional, a partir das perspectivas do Arco de Manguerez, base para a metodologia de problematização. Desta forma, com base na experiência retratada pelas autoras, o território emerge como um contexto de aprendizagem que estimula a transformação social, ao permitir que sejam realizadas aprendizagens de diversas ordens.

Identificamos, porém, que ao incorporar outros atores, saberes e perspectivas no processo de ensino-aprendizagem, a literatura não apresenta aportes teóricos sobre o processo de formação do raciocínio profissional nesses contextos, sendo um assunto importante para novas pesquisas.

Além disso, embora seja descrito na literatura como esse ensino é realizado, incluindo as principais estratégias, faltam elementos para identificar o que é ensinado, ou seja, quais são os conteúdos relevantes para essa formação.

Como em todo processo de ensino, a figura do docente é destacada. Os saberes docentes perfil, formação e funções são apresentados (Ballarin et al., 2013Ballarin, M. L. G. S., Palm, R., Carvalho, F. B., & Toldrá, R. C. (2013). Metodologia da problematização no contexto das disciplinas práticas terapêuticas supervisionadas. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 21(3), 609-616.; Silva & Oliver, 2017Silva, R. A. S., & Oliver, F. C. (2017). Trajetória docente e a formação de terapeutas ocupacionais para atenção primária à saúde. Interface: Comunicação, Saúde, Educação, 21(62), 661-673.), corroborando a pesquisa de Feriotti (2007)Feriotti, M. L. (2007). Universidade, formação de professores e movimentos sociais: a colcha de retalhos como metáfora das relações interdisciplinares e transdisciplinares (Dissertação de mestrado). Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas., que considera como características dos docentes brasileiros de terapia ocupacional: criatividade, importância atribuída aos processos coletivos e, ainda, um importante eixo formativo a ação/formação política, advinda da trajetória acadêmica e profissional. A autora propõe a identidade “docente-militante-profissional-sujeito”, em que o conhecimento técnico, pessoal e a participação em movimentos sociais facilitam o desenvolvimento da crítica social e institucional, qualificando a prática pedagógica.

Embora o docente seja um importante articulador, integrador de conhecimentos e facilitador do processo de ensino-aprendizagem-intervenção, os atores desse processo extrapolam as relações de ensino centradas nos estudantes e docentes. Nessa perspectiva, equipes, profissionais, serviços e comunidade também ganham protagonismo, principalmente, em uma formação em percurso.

Essa incorporação convida a maiores articulações com os movimentos sociais e políticas públicas, demonstrando que esse ensino é construído por muitas estratégias, sejam elas com ênfase na saúde, cultura, desenvolvimento local participativo ou em terapia ocupacional social.

Desafios para a formação nos contextos territoriais e comunitários

Um dos desafios para essa perspectiva de formação é a articulação de complexos e diversos processos e práticas, em que a intervenção requer a integração de ações assistenciais e pedagógicas (Carvalho et al., 2020aCarvalho, A. B., Braga, L. R. A., Silva, D. F., Araújo, J. B. F., Amorim, M. C., & Magalhães, M. J. O. (2020a). Vivências de acolhimento na unidade de saúde da família: a experiência do cantinho do chá na UBS do Grotão, João Pessoa, PB. Saúde em Redes, 6(1), 205-217.). Essas ações estariam cada vez mais dificultadas no ambiente universitário, seja pelo crescente corte orçamentário nas universidades públicas como pelo aumento da competição e produtividade entre os participantes do Ensino Superior (Angeli, 2021Angeli, A. A. C. (2021). Vagar e ocupar: dez anos de narrativas no TOCCA: saberes e práticas transdisciplinares entre as artes e a saúde. Interface: Comunicação, Saúde, Educação, 25, e210218.).

A transferência do processo ensino-aprendizagem para espaços extramuros das universidades com a participação de docentes e estudantes, muitas vezes, demanda viabilizar transporte por parte da universidade e também trazer o imprevisto para o processo de ensino-aprendizagem (Capozzolo et al., 2018Capozzolo, A. A., Casetto, S. J., Nicolau, S. M., Junqueira, V., Gonçalves, D. C., & Maximino, V. S. (2018). Formação interprofissional e produção do cuidado: análise de uma experiência. Interface: Comunicação, Saúde, Educação, 22(Supl. 2), 1675-1684.).

Há necessidade, inclusive, do deslocamento de materiais da universidade para os serviços e comunidades, o que implica o trânsito de materiais patrimoniados e a responsabilização de docentes e estudantes por seu uso (Anversa & Borges, 2016Anversa, A. C., & Borges, J. M. (2016). Prática de estágio em terapia ocupacional na comunidade. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 24(4), 821-826.).

Outros desafios são as dificuldades de interlocução do ensino, planejando conjuntamente com os serviços as ações e, ainda, a falta de terapeutas ocupacionais contratados nos serviços e a necessidade da presença de docentes junto aos estudantes para que o ensino aconteça no território (Teixeira et al., 2018Teixeira, R. C., Corrêa, R. O., & Silva, E. M. (2018). Percepções dos discentes de terapia ocupacional sobre a experiência de integração ensino-serviço-comunidade. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 26(3), 617-625.; Minatel & Andrade, 2020Minatel, M. M., & Andrade, L. C. (2020). Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos e a terapia ocupacional: um relato de experiência na construção da cidadania e participação social. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(1), 309-329.).

Destacamos que a presença do docente é fundamental, mas como articulador desse processo e não no papel de profissional do serviço. Faz-se necessário planejamento conjunto entre universidades e serviços públicos para a contratação de profissionais na melhoria do cuidado à população e consequente fortalecimento do ensino.

A universidade pode afirmar as potencialidades e possibilidades da profissão e ter um papel político na incorporação de profissionais nos serviços e na construção do campo de atenção valorizando a autonomia de quem aprende e ensina, a experiência e a prática reflexiva na construção do conhecimento e da atenção (Minatel & Andrade, 2020Minatel, M. M., & Andrade, L. C. (2020). Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos e a terapia ocupacional: um relato de experiência na construção da cidadania e participação social. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(1), 309-329.; Figueiredo et al., 2022Figueiredo, M. O., Batistão, R., Silva, C. R., Martinez, C. M. S., & Roiz, R. G. (2022). A atividade de extensão na terapia ocupacional: revisão de escopo na literatura nacional. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 30, e2908.; Porto, 2017Porto, V. F. A. (2017). A extensão universitária e a formação profissional em cursos de graduação em saúde (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de Alagoas, Maceió.).

Com a pandemia de Covid-19, os desafios para o ensino nos contextos territoriais e comunitários foram ampliados, e a categoria profissional pôde rever suas práticas, considerando o negacionismo, o sucateamento das políticas públicas, a afronta às universidades públicas e as desigualdades sociais presentes nos contextos territoriais e comunitários. A ressonância de tais situações na formação graduada está apresentada por Cordeiro et al. (2022)Cordeiro, L., Almeida, D. E. R. G., Santos, G. B., Silva, R. S., & Costa, M. K. C. M. (2022). A universidade na pandemia de covid-19: relato de experiência do Laboratório de Práticas Emancipatórias e Territoriais (LAPET). Revista Chilena de Terapia Ocupacional, 23(1), 113-123.. Os autores apontam como desafio atual das universidades não apenas divulgar conhecimento, mas produzi-lo em parceria com as necessidades dos territórios.

Conceitos norteadores do ensino nos contextos territoriais e comunitários

Na literatura da área, território e comunidade são conceitos fundamentais para as ações dos terapeutas ocupacionais (Bianchi, 2019Bianchi, P. C. (2019). Terapia ocupacional, território e comunidade: desvelando teorias e práticas a partir de um diálogo latino-americano (Tese de doutorado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.; Bianchi & Malfitano, 2020Bianchi, P. C., & Malfitano, A. P. S. (2020). Território e comunidade na terapia ocupacional brasileira: uma revisão conceitual. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(2), 621-639.). O mesmo se aplicaria ao ensino?

Embora as palavras estejam apresentadas nas publicações, os conceitos de território e comunidade emergem somente em algumas. No artigo de Correia (2018), oCorreia, R. L. (2018). O alcance da terapia ocupacional no desenvolvimento local. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 26(2), 443-462. conceito de comunidade está apresentado não como um local, um território, mas como a expressão das questões sociais, um dispositivo que emerge das estratégias de enfrentamento dos processos de dominação, considerando a crítica aos processos coloniais.

Já o conceito de território está apresentado nas publicações de Silva et al. (2019)Silva, M. J., Oliveira, M. L., & Malfitano, A. P. S. (2019). O uso do espaço público da praça: considerações sobre a atuação do terapeuta ocupacional social. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 27(2), 438-447.; Silva (2019)Silva, M. J. (2019). Terapia ocupacional social, juventudes e espaço público (Tese de doutorado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos., Silva & Malfitano (2021)Silva, M. J., & Malfitano, A. P. S. (2021). Oficinas de atividades, dinâmicas e projetos em terapia ocupacional social como estratégia para a promoção de espaços públicos. Interface: Comunicação, Saúde, Educação, 25, e200055. e Minatel & Andrade (2020)Minatel, M. M., & Andrade, L. C. (2020). Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos e a terapia ocupacional: um relato de experiência na construção da cidadania e participação social. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(1), 309-329.. Os aportes teóricos de Milton Santos e Hannah Arendt são referenciados para compor a caracterização do território e seu uso. As publicações que fazem referência a esses conceitos discutem o espaço público como uma das dimensões da ação e da reflexão do terapeuta ocupacional social (Silva et al., 2019Silva, M. J., Oliveira, M. L., & Malfitano, A. P. S. (2019). O uso do espaço público da praça: considerações sobre a atuação do terapeuta ocupacional social. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 27(2), 438-447.; Silva, 2019Silva, M. J. (2019). Terapia ocupacional social, juventudes e espaço público (Tese de doutorado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.; Silva & Malfitano, 2021Silva, M. J., & Malfitano, A. P. S. (2021). Oficinas de atividades, dinâmicas e projetos em terapia ocupacional social como estratégia para a promoção de espaços públicos. Interface: Comunicação, Saúde, Educação, 25, e200055.).

Para Minatel & Andrade (2020), aMinatel, M. M., & Andrade, L. C. (2020). Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos e a terapia ocupacional: um relato de experiência na construção da cidadania e participação social. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(1), 309-329. fundamentação teórica de território se apoia na concepção de espaço para ações e relações humanas, que possibilitam diferentes formas de expressão do existir, viver e realizar trocas sociais. Assim, o desenvolvimento de uma boa contextualização do território oportuniza ao terapeuta ocupacional maior possibilidade de atuação, ampliando a visualização das demandas individuais e coletivas.

As autoras se apoiam na perspectiva apresentada por Malfitano (2016)Malfitano, A. P. S. (2016). Contexto social e atuação social: generalizações e especificidades na terapia ocupacional. In R. E. Lopes & A. P. S. Malfitano (Eds.), Terapia ocupacional social: desenhos teóricos e contornos práticos (pp. 117-134). São Carlos: EdUFSCar., na qual o território estaria entrelaçado ao conceito de cotidiano, como elemento central para as estratégias de intervenção. Silva et al. (2021)Silva, R. A. S., Nicolau, S. M., & Oliver, F. C. (2021). O papel da terapia ocupacional na atenção primária à saúde: perspectivas de docentes e estudantes da área. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 29, e2927. corroboram a afirmação considerando especialmente o ensino na atenção primária em saúde e revelam que docentes e estudantes de terapia ocupacional participantes de pesquisa apontaram a relevância da compreensão da vida cotidiana das pessoas nos territórios.

Identificamos que o conceito de participação social também emerge na literatura da área sendo mencionado nas publicações de Oliver et al. (2012)Oliver, F. C., Pimentel, A., Uchôa-Figueiredo, L. da R., & Nicolau, S. M. (2012). Formação do terapeuta ocupacional para o trabalho na Atenção Primária à Saúde (APS): contribuições para o debate. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 20(3), 327-340. e Anversa & Borges (2016)Anversa, A. C., & Borges, J. M. (2016). Prática de estágio em terapia ocupacional na comunidade. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 24(4), 821-826.. Nestas, as ações e o ensino da terapia ocupacional contribuem para implementar processos participativos e de afirmação de direitos nos territórios, além de aumentar a compreensão da complexidade dos problemas de saúde das populações. Desse modo, a formação busca ensinar, na prática, maior participação social e fortalecimento de vínculos comunitários, apostando em novas sociabilidades e formas de resistência aos processos de exclusão social.

Identificamos, também, o conceito de reconstrução ocupacional apresentado por Santos et al. (2020)Santos, V., Frank, G., & Mizue, A. (2020). Candangos: teoria da reconstrução ocupacional como uma ferramenta para a compreensão de problemas sociais e ações transformativas na utópica cidade de Brasília. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(3), 765-783.. Segundo os autores, essa teoria, pouco divulgada no Brasil, está alinhada às epistemologias do sul e propõe, com foco na ação e nas ocupações coletivas, explicar a transformação social como parte da filosofia e do conhecimento ocupacional.

Neste sentido, consideramos fundamental a criação de um quadro conceitual para a caracterização do ensino em contextos territoriais e comunitários.

Síntese do mapeamento sistemático

Verificamos que o ensino voltado aos contextos territoriais e comunitários envolve uma formação implicada com ações voltadas ao individual e ao coletivo (diferentes sujeitos, grupos, comunidades e/ou populações) e que incorpora diferentes estratégias e constructos teóricos para reconhecer a pluralidade da vida e os alcances da terapia ocupacional.

Assim, as ações/ensino se voltam às diferentes dimensões da vida cotidiana, buscam a inserção em territórios micro e macrossociais, como locais de produção de diversas formas de ser, existir e modificar o mundo, identificados como espaços plurais de encontro, convivência e de promoção da participação social. Mas também se voltam para a inserção no mundo do trabalho, em especial nas propostas vinculadas às políticas sociais brasileiras, especialmente as de saúde e assistência social.

As publicações não desenvolvem os conceitos norteadores desse ensino, entretanto, identificamos os conceitos de território, comunidade, cotidiano e participação social como parte dessa formação.

Consequentemente, não basta ter o território e a comunidade como ambiente, espaço ou cenário de ensino, reproduzindo práticas não condizentes com suas especificações. Temos que compreender esses contextos de aprendizagem como contextos de vida, sendo necessária a caracterização de fatos, circunstâncias e pessoas em interação para integrá-los como contextos de aprendizagem.

Nessa perspectiva, identificamos que os contextos territoriais e comunitários são contextos partilhados de aprendizagem, uma vez que, neles, docentes, estudantes, técnicos, serviços, comunidade, todos inseridos no processo, partilham da construção e gestão, sendo necessário tecer em conjunto as tramas desse ensino.

Considerações Finais

Ainda que os contextos territoriais e comunitários envolvam práticas da terapia ocupacional brasileira há 20 anos, observamos que a formação não foi estruturada, apenas, por ações extensionistas, práticas e processos realizados fora das universidades ou de instituições hospitalares e asilares, mas que, ao se reportar aos territórios e comunidades, buscaram entrelaçar a ação técnica aos aspectos ético-políticos, a partir de ações interdisciplinares e em diálogo com os campos da saúde, social, cultural, educacional, dentre outros.

Dessa maneira, ao apontarmos os contextos territoriais e comunitários na formação graduada em terapia ocupacional, como contextos de vida, de aprendizagem, de intervenção e de convergência entre teorias e práticas, os consideramos fundamentais para a transformação das realidades sociais, culturais e de saúde. Assim, o mapeamento sistemático possibilitou um panorama geral desse ensino e em diversas experiências formativas dos cursos e dos docentes brasileiros.

Além disso, consideramos que pesquisas futuras podem delimitar reflexões sobre o ensino nos contextos territoriais e comunitários, acrescentando produções científicas em outros idiomas, inclusive de acervos específicos ainda não incorporados nas bases de dados bibliográficos referidas neste estudo.

  • Como citar: Carrasco Bassi, B. G., & Oliver, F. C. (2024). Mapeamento sistemático da produção de conhecimento na formação graduada em terapia ocupacional nos contextos territoriais e comunitários no Brasil. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 32, e3599. https://doi.org/10.1590/2526-8910.ctoAR276635991
  • Fonte de Financiamento

    Este estudo foi financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) – Código de Financiamento 001.

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Editado por

Editora de seção

Profa. Dra. Késia Maria Maximiano de Melo

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Maio 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    27 Jun 2023
  • Revisado
    11 Jul 2023
  • Aceito
    04 Jan 2024
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